terça-feira, 4 de novembro de 2008

Na margem da saudade


O rio chora porque estou triste. Sente a presença da saudade a corromper-me aos poucos. Entranha-se como se sempre fizesse parte de mim, procura o pior dos meus pesadelos e oculta-me o derradeiro destino. Não é o Douro. Não há esgotamentos nem lágrimas que nunca chorei. Agora sou eu longe e ela, nem tão perto. Trocámos de lugares, a saudade persegue-me! Sabe sempre onde me encontrar e invade-me sem razão aparente. Mas a verdade, é que desde que se foi embora, um vazio, que frequentemente me invade, quando está longe, de preocupação ou de outra essência qualquer, iniciou a sua nova jornada, levando-me a fazer dos tempos que ainda gozo, um profundo e interminável inferno. Foi ontem, que se foi embora. Porém, sei que desejava ir. Não a condeno, não a censuro. Apenas sinto a falta dela, sempre que não a vejo. Tortura-me aquela sensação de ironia em falta, aquela preocupação acrescida por tudo e por todos e aquele irrequieto estado da alma, de achar que nunca nada está, como devia estar. Habituei-me a ouvi-la, a vê-la, a lembrá-la e agora, nem a minha própria vida, ponho á frente da dela. Posso até dizer que ela me comanda, como um joguete, daqueles joguetes que ainda não sendo totalmente controlados, desejam sê-lo ainda mais.

Sem comentários: