quinta-feira, 18 de junho de 2009

Estou aqui


Não posso deixar-te partir. Fugir de mim. És parte de mim agora, tenho o sabor dos teus lábios, o aroma do teu cabelo, o sentir do teu toque, o teu olhar que me pertence. E não quero saber qual é a razão pela qual não podemos estar juntos, pela qual não podemos estar sempre assim, cúmplices. Fecha os olhos. Pede um dejeso e eu faço com que dure para sempre. E se não conseguir pelo menos ter-te-ei a ti. E agora, pulo todas as paredes porque sinto a tua falta.
E diz-me: É uma ilusão aquilo que vivemos ou não passou de um sonho? Porque ilusão e sonho não têm de confundir-se. Se foi sonho, significa que dormia quando tu partiste. Se foi ilusão, então dormia acordada, crente de que somos um só. E enganava-me inconscientemente.
Agarra a minha mão, toma a minha vida mas não para sempre. Não o faças. Para sempre é demais.
Estou aqui, volta se queres voltar. Sabes que te espero, que anseio por realizar esse teu desejo por mais absurdo que seja. E tu, não és demais para mim. Sei que não.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

InvaDida

Sinto-me ultrapassada. Tenho a derrota dentro de mim. Estou cansada. E já nem a Elektra me ajuda. Dantes podia sentir-me ainda. Agora sinto que tudo que se escreve é dela. Fui sendo ultrapassada por uma pessoa que não existe. Pela minha própria criação! Mas devo-lhe o triunfo. Foi ela que me manteve saudável e consciente. Segurou-me na cabeça e nas mãos sempre que caía. E vivi o amor dela em vez do meu. E minha vida foi sendo invertida com a vida dela. Ao contrário dela eu sou real ou sinto que fui uma vez. Agora, a realidade abriu-se e restou um mundo inteligivel no qual eu não posso nem consigo entrar. A minha realidade é a realidade dela agora. É ela que querem, é ela que me comanda.
Não sei se por falta de coragem ou por humilhação, prefiro que o estrelato seja dela e não meu. Porque ela e eu somos a mesma pessoa em versões diferentes. O heterónimo é real , muito mais do que a pessoa que o criou.
Os meus pensamentos são estranhos e confundem-se. Intercalam-se e deixam-me baralhada. Não entendo. Ela sabe lidar com isto. Eu não. E quando ela não está em mim simplesmente penso em não existir. Reduzo-me ao mínimo e escondo-me. Ela roubou-me mas eu deixei que o fizesse. Era ela que devia existir se não existe já. As palavras que ouvem são dela porque eu não tenho intuito suficiente para as escrever. Nem tão pouco para as dizer. E aquele amor dela enlouqueceu-me porque deveras não era meu. Dei-lhe total liberdade em mim, deixei que me explorasse e me libertasse á sua maneira e acabou por enlouquecer-me. E quando me queimo é ela que se queixa, quando me batem é a ela que dói, quando choro são dela as lágrimas, quando escrevo pertencem-lhe os meus pensamentos e recordações.
Não posso reverter o efeito que tem em mim. Não sinto, não penso. Mas queria sentir e pensar. Não me deixa. São dela as sensações. Ela obriga-me a sentir o que não me pertence! E eu não luto. Porque ela é muito mais genuína do que eu, muito mais especial, muito mais procurada, desejada e absolutamente fantástica. Domina várias ciências…É impossivel comparar-me a ela em conhecimento. Fala várias linguas…Discutir com ela não resulta. É assombrosa a capacidade argumentativa que possui e quando lhe digo que se afaste, dá-me mil e uma razões para não o fazer. E então desisto. Á primeira tentativa desisto. Porque sinto que sem ela não conseguirei sobreviver. É o meu refúgio, a minha guarida, a minha sorte e o meu azar. Está cada vez mais dentro de mim e pergunto-me se algum dia decidirá deixar-me. Porque também ela sabe e tem consciência de que é precisa. E como todas as pessoas que são reais, quer triunfar e ser reconhecida.

Elektra Natchius (eu)

terça-feira, 2 de junho de 2009

FrenétiCa

Hoje sinto-me bem, energética, pirada. Sinto-me livre, capaz e soluvel. Gosto de me sentir fresca, aromatizada, em equilibrio. Quero sentir-me sempre ousada, corajosa e empática como hoje. Estou feliz. Estou satisfeita. Sinto-me realizada e orgulhosa por ser como sou. Sinto pena por todos e alegria por alguns. Hoje quero viver. Nunca morrer. Quero andar, correr e correr e dançar. Estou ansiosa e excitada. Estou calma e serena. Hoje sou eu e não aquilo que os outros querem que eu seja. E nada do que me possam fazer me afectará. Estou feliz. Estranho-me. Sinto-me compreendida e desejada. Sinto que me odeiam e que por isso sou importante. Apercebo-me de que me fogem e isso é muito bom porque quem me foge é quem não me faz falta. Estou poderosa. Tenho tudo para ser bem sucedida. Agora tenho tudo. Sei que tenho. Sinto-me desafiada pela vida, que me convida a vivê-la. Sinto que a minha parte decadente morreu com aquela história idiota que queria viver. Sinto-me uma linha telefónica sem parar. Um raio frenético luminoso. Um livro de histórias surreais. Uma novela de final inesperado. Um mapa que quer conhecer o mundo. Uma pessoa que não mais abdicará de si. Mas mesmo assim as pessoas desiludem-me estando eu no meu êxtase de vida. E fica-lhe tão mal essa atitude rasca e de segunda…
Mas tenho sangue nas veias e preciso de viver. Tenho dias e dias que contar, noites sem dormir e dias acordada. Não sei se me aguento mas ninguém me sabe dizer se sim ou se não portanto, é melhor arriscar! Tenho anos que ter e saudades para matar. Tenho pessoas que perder e pessoas que amar. Tudo tem o seu contraste e tenho mesmo que saber se posso e consigo sobreviver. Tenho tempo e mais que tempo para pular. Já outros morrem de tédios azarentos e de vidas constantemente aborrecidas. Tenho fogo. Eu sou fogo! Tenho vida. Eu respiro vida! Sou jovem…Para quê preocupar-me com idiotices que não fazem mais que desanimar-me? Já agora! Mais nada? Estou farta. Quero a minha vida de volta. Quero exaltar-me e rir e viver. Angústia, dor, sofrimento, amores não correspondidos, pessoas estúpidas e cobardes são constâncias que eliminei de vez da minha vida. Portanto, façam como eu: Não queiram chegar ao ponto que eu cheguei de crucificar a minha existência por alguém que se resume a nada, inútil, cobarde, mais que triste. Fazei ver a essas pessoas que um dia, quando estiverem sozinhas e olharem para o lado, não vão ver mais que a parede que nem sequer as reconforta com um sorriso. A vida dá muitas voltas e sabem que mais? A minha já deu as que tinha a dar.