sábado, 1 de maio de 2010

Ouvi Dizer

Ouvi dizer que o nosso amor acabou muito antes de ter começado.
Estava destinado a falhar, estava crucificado pela natureza imprópria do natural.
Já não basta não poder tocar-te, não poder beijar-te á força bruta como um índio que ataca o jaguar.
Já não basta comer e não sentir o sabor ou olhar e ver tudo sem cor.
Já não basta.
Já não basta.

Ouvi dizer que há quem escreva o teu nome na praia, rodeado de corais enfeitados.
Pode ser por as ruas estarem desertas ou por te sentir em toda a parte.
Durmo pelas dunas.
Enfrento as marés.
Vagueio pelo cais á procura de quem és.

Ouvi dizer que a procura é maior do que a oferta e que não há amores para todo o sonhador.
Por mais que fujas vais sempre ter algum sinal de viajante estrangeiro que passeia pela marginal.

Ouvi dizer que a compulsividade aguda faz contar as linhas do passeio.
Umas grandes, outras médias e outras onde não cabe um passou de fugitivo de perpétua que acelera o traseiro.

Ouvi dizer que o falhar faz crescer de menino a homem, de miúda a mulher.
Nada como aprender com a desilusão.
Que só nos dá uma única saída.
Seguir em frente e esquecer as mágoas do coração.

Ouvi dizer que um dia…

Ouvi dizer.