terça-feira, 31 de março de 2009

Ver para Crer

Quando passas por mim mesmo sem quereres, ofereces-te. Meneias-te pensando que assim me tentas mas enganas-te! Ás vezes sinto desejo, outras indiferença, mesmo pensando tu que te quero. Mas as pessoas enganam-se. Sabes o quanto estás enganada? Porque tu vês aquilo que eu te mostro e o que te mostro é o que eu quero que vejas. Posso até gostar de ti mas embora não saibas manipulo-te, estudo-te. És o meu projecto e quando menos esperares tenho a minha tese reconhecida e nela o teu nome. É estranho e curioso, como as pessoas se podem tornar teses e projectos, sendo como são. Sendo como és tu, admira-me não seres uma experiência cientifica e ficares-te pelas teses teóricas. É…ás vezes esperamos muito mais das pessoas, mais ainda do que aquilo que são capazes de fazer. E admiramo-nos por nos ter-mos enganado. E sendo eu quem te tornará eterna, como tese ou então com pessoa, surpreende-me o facto de tu não teres ainda percebido que aquilo que tu és acaba por ser aquilo que eu te digo que sejas. Acabas por ser influenciada pelo que te digo, pelo que te dizem, pelo que deves ser e não és. O que critico é aquilo que eu quero que corrijas e acabas por fazê-lo, sem te aperceberes. Eu domino-te e desde que me apercebi de que até te dava gozo ter alguém atrás de ti, deixei de o fazer. Se há ego que deva ser alimentado será o de outra pessoa, nunca o teu. Já te alimentas-te demasiado, chega!

quinta-feira, 26 de março de 2009

"Não" ao perdão

Se há algo que tenho aprendido é que a vida que quero, não me quer a mim. Nem tão pouco espera por mim e magoa-me, cansa-me e deixa-me soluços do passado, sempre presentes neste meu futuro que não sei se existe sequer. E depois pergunto-me se vale a pena lutar por aquilo que queremos, quando muitas vezes não estamos destinados a fazê-lo ou aquilo que queremos está fora do nosso alcançe. Não costumo desistir porque quem desiste é fraco e cobarde…Ok, vamos todos ser fracos e cobardes porque secalhar e possivelmente, seremos mais felizes assim, a tentar rejeitar as pessoas que nos querem bem, a ignorar-mos aquilo que preferimos não entender ou fazer que não ouvimos, a perdermo-nos em vez de nos encontrar-mos. Infelizmente, conheço muita gente que se perde e nunca mais se encontra, porque pensam que tudo tem remédio e que há perdão e desculpas para tudo, mas na realidade não funciona assim. Não há remédio para quem perde alguém que ama, não há perdão para quem trai e tão pouco há desculpas para trair. Não me venham com histórias de que somos humanos e que todos temos direitos e que um deles é o direito a ser-mos perdoados. Isto, querem crê-lo os religiosos, eu não. Há tanta coisa que não tem remédio, nem perdão, nem desculpa…Há tantas pessoas que perdoam e não deviam fazê-lo…Mas também há aquelas que se arrependem rapidamente pelo perdão dado. Ás vezes mais vale sofrermos em silêncio de que perdoar quem não devemos. Se todos aprendessem que o mundo deve fazer-se de cumplicidades e atenções em vez de de perdões inuteis e falsas esperanças, certamente viveriamos melhor, até porque o risco de sermos traidos por aqueles que amamos diminui.

quarta-feira, 18 de março de 2009

InsatisFação Primária

E se a dor não passa?
E se não consigo esquecer-te nunca?
Que faço se não conseguir deixar-te?
Como achas que passo sem ti? Bem? Mal?
Achas que sou feliz? Achas que não sinto a tua falta?
Pensas que te minto? Achas que posso fazê-lo?
Que pensas tu? Que opiniões me dás? Tens alguma opinião sequer?
No que pensas? Quem é esse alguém que te afasta de mim? Devo saber quem é?
Onde te encontras? Onde estás tu? A que distância estamos uma da outra?
Conheces-me? Será que alguma vez te conheci?
Será que te amo? Será que sei se existes? Existes porventura?
Lembras-te? De quando era eu? De quando eras tu?
Consegues lembrar-te?
Sentes como te venero? Como te adoro? Como desejo ter-te?
Será que fazes uma ideia daquilo que significas para mim? Será?
E se nunca conseguir abdicar de ti? Que papel tenho eu então?
E se me ignoras? Que posso eu fazer para que me deias atenção? Dizes-me?
E se fugissemos? Só nós? Achas que tinha alguma hipotese?
Há alguém que te suporta e te ajuda? Estarei eu onde devo estar?
Como é que é suposto respirar sem ti? És capaz de me explicar?
Podemos fingir que tudo é mentira? E sermos nós como dantes?
Posso evitar-te sem que me magoe? Ou ignorar-te sem que pareça mal educada?
Onde é que posso encontrar alguém como tu? Como é que posso amar-te se nem te conheço?
Ajudas-me? Tens a cura para mim?
É suposto não ter respostas? Ou sou mesmo eu que estou confusa? E tu?
Nunca puseste em causa toda a tua rotina? A tua vida sem vida alguma?
Já alguma vez paras-te para pensar no que te disse? Naquilo que significa?
E se me perder para conseguir aquilo que quero?
Já alguma vez te metes-te em algo de que querias sair? Arrependeste-te alguma vez?
Já afastas-te aqueles que deviam estar perto? Deixas-te-os ir sem lutar?
Alguma vez soubeste? Soubeste daquilo que é melhor ou pior? Sabes sequer de que lado estás?
Estás sozinha?
Alguma vez duvidas-te das tuas decisões? Que os teus sonhos podem tornar-se reais?
E a vida? Já reparas-te que é injusta e mesmo assim sujeitamo-nos a ela?
Sabes quem és? Culpas o mundo em vez te culpares a ti pelos teus erros?
Conheces-te sequer? Questionas se és como pareces? Ou se pareces alguém quem não és?
Olhas-te ao espelho? Procuras-te pelo menos com olhos de quem quer encontrar?
Reconheces-te sendo assim? Tens a certeza de tudo que dizes querer?
Tens o tempo do teu lado? Tens a certeza?
E essa angústia? Esse mistério? Deriva de quê?
Porque é que não me ouves e renasces? Sabes como fazê-lo? E a alma? Prevalece? Ou não tens alma?
Consegues sequer convencer-te a ti própria daquilo que és? Ou a empatia para contigo mesma é tão pouca que nem consegues sentir? É verdade que sentes? Ou eu enganeime? Será que haverá algo que possas sentir? Um toque? O fogo? A noite?
E o coração? Bate? Ou é tão tórrido que se desfaz?
E a verdade dói? Ou dói antes a mentira?
Amas?Odeias?
Sabes que existem pessoas que te possam amar? Compreendes sequer esse sentimento:amar?
Será que me fartei? De lutar? De amar? Ou adormeci?
Estou a perder-te de vez aos poucos quando nunca te cheguei a ter?
Como é posso amar-te? A ti? Como?
Como é que me fazes sentir desta forma? Uma inútil e humana ao mesmo tempo? Será que sou humana?
E se houvesse um incêndio? Quem seria a chama? Eu ou tu?
E se eu chorar? Quem é que me seca as lágrimas?
Mas o que é que eu estou aqui a fazer? Porque é que não percebo?
Vez a forma em como te olho? O olhar que me mata?
E sabes porque te amo e te quero? Não tens interesse em saber?
Sabes aquilo que estou disposta a sacrificar por ti? Aquilo que posso fazer para te ter?
Achas que há algum caminho para nós? Podes ser sincera?
Porque é que não disses-te “não” logo no inicio? Porque éque me fizeste perder tempo?
Salvas-me? Salvas?
Porque não me enfrentas e falamos sobre o assunto de forma civilizada?
Respondes-me? Porque não?
O Sol não brilha para todos?

terça-feira, 10 de março de 2009

"Está tudo bem e o Resto é paSsado!"


Quero roubar-te essa dor, como se fosse parte de ti e deixasse de sê-lo! Temo por ti, preocupo-me com as causas e as consequências. Dizem-me “Deixa lá” mas todas essas expresões idiotas e sem razão de ser, me soam a eco e quando chegam a mim, já não significam nada ou muito pouco significam. Sabes que quando estou contigo, tenho a possibilidade de curar-te, embora quem precise de cura alguma, seja eu e não tu. Procuro-te e estás sempre pronta a seres encontrada. É incrivel, chega a ser entusiasmante estar contigo e reconhecer que estava doente e que afinal temo por ti e não por outra qualquer. Como se confundem os sentimentos é algo que não percebo, nem quero perceber. “Está tudo bem e o resto é passado!” E o passado torna-se estranhamente comtemporâneo, como se fosse e que ainda é. Mas tu desterras-o e mandas-o embora, como se o pusesses ás costas e o obrigasses a partir. Mas é deste meu passado que se constroi a minha história e não abdico em nada dela. Nem abdico das pessoas, nem das situações, nem das memórias. Só há um pequeno senão, que vais ter de compreender: se existiu por alguma coisa o fez. Percebe que há coisas que não se explicam, que há horas que não se contam, como aquelas que passo contigo e que não assim há tanto tempo, quereria passar com ela. Entende que mesmo assim, há algo nela que desejo. E começo a perceber que o facto de ser eternamente parecida com ela, me fazia crer que era mais do que isso. Dir-te-ia que te amo, mas não mais confundirei tal sentir. Apercebi-me de que me amo a mim mesma, que se danem os outros! Não dão mais que desilusões e desamores! Quero lá saber deles, mas quero saber de ti. Não por te amar, mas porque me és algo, porque te quero bem, porque também te desejo agora. És única tal como era ela, mas és diferente. És acessivel e posso dominar-te. E tu deixas que te dominem, como se boneca fosses e eu a menina prendada que te possui. É irónico como se desprende o futuro e o passado das minha mãos. Á uns tempos atrás, diria que tinha passado e que deixei de pensar no futuro. Mas agora quero vingar, quero esquecer que há passado por momentos e lembrar-me de que tenho futuro. E tu fazes parte dele. Sem mais encruzilhadas e discussões sobre quem somos e quem queremos, vamos partilhá-las. E aí veremos quanta importância podemos dar ás pessoas que nos são parte da vida. Agora sim, está tudo bem.

quarta-feira, 4 de março de 2009

ConfissÕes de uma LunátiCa ConscienTe

E repasso todos os momentos que passei, todos os textos reflectivos que elaborei sem pensar sequer. Acontece que todos eles existem, todos eles são verdadeiros. Eu não. Eu não existo. Já não sei quem sou, porque me cansei de ser eu mesma ou porque não suporto mais sê-lo. A minha teoria deixou de ter temática, já esgotei tanto todos os assuntos que não me resta mais que conspirar. E é esse esgotamento que me faz também esgotar-me. Começo a deixar de escrever, porque tudo que tinha já não tenho, porque tudo que queria nunca tive, porque quem amava já não amo, porque quem eu conheço já não me conhece a mim. Perdi a minha identidade e com ela, tudo que tinha. Detesto que me chamem, pelo simples facto de me poder ouvir a mim mesma responder. Até porque se não o faço, sou mal formada e sem educação. Com a minha perda, veio a incapacidade de querer ter aquilo que me era impossivel conseguir. A incapacidade de a ter, veio com o tempo curar-me. De tanto aprender que nunca são quem pensamos, de tanto sofrer, de tanto pensar, acabei por admitir que desisti, que também eu, posso por cobro a situações destas. Contudo, não fui a tempo. Arrebatou-me todas as energias que tinha, deixou-me exangue de vida. Com a perda e a consequente desistência, deixei de querer viver. Toda a vontade que possuia, toda a ambição que pensava ter, não tenho. A vontade foi-se e a ambição perdeu-se. Não me venham com histórias de sonhar e de que os sonhos se tornam realidade, porque sonhar não me valeu de nada. Se há sonhos reais, os meus não são desses. E muitos deles, magoam-me ainda não o sendo. Estava tão segura de mim, que não sei onde me segurar agora. Quando assumi que desisti, literalmente, apaguei-me. Tornei-me alguém que todos conheciam mas que já ninguém conhece. Não me percebem agora. Não sabem de que matéria me fiz, nem de que essências me alimento. Mas a verdade, é que mudei. O meu aneurisma deixa-me sem forças. Estou proibida de muitas coisas, mas que não me proibam de viver a vida á minha maneira. Eu não preciso que me voltem a conhecer, interessa-me conhecê-los a eles, a todos, e precaver-me para o caso de em vez de amigos serem traidores. Desisti da única cisma que me alimentava, da única razão que tinha para não me deixar levar. E custame saber que não vou ser quem todos esperam que seja. Mais uns meses e desapareço! Asseguro-me que ninguém me procure e assim, tenho a certeza de que não me julgam nem me incomodam. Há dias em que reflicto arduamente, naquelas decisões bárbaras que tomei, nas revelações que fiz, na forma em como olhei, nas coisas que disse e que pensei dizer. Mas há muitas coisas que já esqueci. Tenho dificuldade em concentrar-me, tenho distúrbios de atenção e transtornos. A única tarefa que cumpro na perfeição é a de lunática aborrecida com o mundo. Dei hipoteses, ofereci oportunidades, mas ninguém quis aprovitá-las. Sou uma lunática consciente daquilo que se permite. Daí, querer mais. Sou lunática pessoal, para quê a preocupação?
A minha sorte é que embora não o saiba, tenho a sua consciência. Não me dá para bater com a cabeça ou enterrá-la na areia, saltar duma ponte, dar um tiro no meio da testa. Dá-me para as artes, tretas maricas, as quais nunca cheguei a compreender porque fazem parte de mim. Há tanta gente que precisa de talento, algo por onde se lhe pegue, na pintura, na música, na escrita e veio-me logo calhar a mim a sorte. E digam lá, se a vida não é irónica?! O melhor é prevenir-me: quando a esmola é grande, o pobre tende a desconfiar! A sorte não pára duas vezes no mesmo sitio e não é efémera. Mas que raio estou eu para aqui a dizer… a falar de sorte? Mas que sorte tenho eu? Sorte têm os marinheiros quando naufragam morrerem afogados, evitam o sofrimento de andarem perdidos. E pensar que há tanta gente infeliz porque não lhe soa a música ou porque não têm a aptidão necessária para aquilo que queriam, e eu, que tenho tantas aptidões, simplesmente ignoro-as. Ás vezes, a ignorância tem destas coisas e dá bastante jeito para alguns…Mas mesmo pensando que são inúteis, sabem que são diferentes, especiais, que ninguém mais existe sendo eles. Embora não o saibam, sentem-no, nem que seja porque terceiros interveem. E eu, por estranho que pareça tenho jeito para reviver os outros e não faço mais que matar-me a mim mesma. Que dilemas estranhos estes!
E depois há aqueles livros deprimentes que leio e releio so para me encontrar. Uns deprimentes e maníacos, outros maníacos e deprimentes. E quando menos espero, há uma passagem que me chama a atenção, mas acaba por ser demasiado nefasta e insuficiente. Já não tenho pensamentos. Já não me entusiasmo nem me admiro, porque me desiludi. Sei que não lido bem com desilusões, sei e tenho consciência que não gosto de admitir que perdi. Sou complicada, complexa, chamem-lhe o que quiserem…E sim, a Cátia morreu. Sou eu que falo, a lunática, esta que pervalece. Deu-me um nome e criou-me uma história, um passado. Deve pensar que é mais do que eu, por ser de carne e osso. E eu, ao menos tenho coração! Ela já o perdeu ou roubaram-lho, embora ela pense que o tivesse mesmo perdido.
E agora tenho esta personagem que fala por mim, que me torna ainda mais elementar. A verdade, é que embora me odeie, é ela que me faz suportar tudo. É ela que me ouve e me faz perceber, é a ela que me confesso e é ela que basicamente, controla a vida que levo agora. Sou tão jovem e parece que já vou no fim da vida. Tenho a forte impressão de que vivo a vida de outra pessoa, que não sou mais que uma cópia fraca e barata. Já não sinto absolutamente nada. Se não sinto sou fria e maléfica, se sinto sou parva e ridicula. Prefiro não sentir e ter a conciência de que assim sou. Talvez porque sentir me causa mais danos que beneficios. Não sei se existe uma ciência qualquer que estude estes fenómenos, mas a dor que senti e aprendi a neutralizar, não a sinto também fisicamente. Parece que todas as feridas sararam, embora me sinta mal, muito mal. Talvez tenha aprendido a controlar os sentimentos, algo que todos deviamos fazer, para o nosso bem e para o bem dos outros. Dizem que é impossivel, mas parece que consegui. O único senão é que passamos rapidamente a sentir o oposto. Se amamos, passamos a odiar. É nisso que se baseia a passagem da dor em algo que não dói. Se pensarmos e nos convercer-mos que odia-mos quem amamos, passamos a ter uma razão para que realmente o ódio se convença que é verdadeiro. Com o tempo, acaba por sê-lo e resta-nos odiar, simplesmente odiar. Pode ser mau para muitos, mas para alguns como eu, funciona. Acreditem quando digo que o ódio acaba por tornar-se real. O problema aqui e este é verdadeiro, é a relação de importância que damos ao amor e ao ódio. Será que é mais importante nas nossas consciências racionais, o amor ou o ódio? Quanto mais penso, me contradigo. Acabo por simplesmente, voltar ao inicio da minha teoria. Nada do que digo bate certo, até porque na prática não resulta, não na perfeição. Será que a odeio ou passei a ignorá-la, pagando-me assim? Será que todas as minhas energias que me tem roubado, me são restituidas agora? Será que aprendi a lidar com um amor discreto e idiota? Sim, aprendi que o tango se dança a dois, quem diz o tango diz outras coisas. E há quem não queira dançar mas também não ponha completamente de lado essa hipotese. Sim, ignorar é sempre óptimo, principalmente quando o objecto de desejo é alguém incontestado e imcompreendido, incapaz também de compreender. As minhas energias equilibram-se de novo, talvez porque me afasto daquilo que quero e portanto evito situações desagradáveis. E o amor, é e sempre será. Aperfeiçoei-me e consegui neutralizá-lo. Não me afecta. Têm que tentar! Mas calma, ainda cá está. Apenas se troca por outros sentimentos, por outras lembranças, por outras pessoas até por algo que queiramos muito e que por momentos, satisfaça os nossos caprichos. Foi assim que me superei a mim mesma e é assim que vou sobrevivendo, mas não deixei de desistir. Basicamente, isto tudo de amor e ódio, é a aceitação do que não pode consagrar-se. Já me cansei de tentar fazer, tentar dizer e depois não conseguir. Ou então, acabam por não perceber. Não há forma no meu falar nem no meu escrever, que não seja esta. Gosto de charadas e de decifrar pessoas e ser decifrada. Mas não quero que o façam. Sou eu! Só eu…Não quero mais chatices, nem lágrimas, nem tangos, nem sonhos, nem amores, nem ódios, nem talentos, nem aptidão, nem sofrimento, nem histórias, não quero dormir! Quero preparar-me para mim, quero sumir-me no mundo, quero que ninguém se lembre que existo, porque sucintamente, já não o faço. Existir é ser alguém activo, ter opiniões, ter ideias, ter amor, ter sofrimento. E eu já nem amo nem sofro, já nem vivo mas também não morro. Se cheguei a existir alguma vez, não foi por mim, foi por ela. Porque sabe que há coisas que a boca diz e que o coração não sente.

Overdose Passageira

Esbati-me com ela hoje! Segundos antes, falara dela e meu dito meu feito. Há quem diga que tenho em mim, dois tipos de essências: a coincidência mórbida e o elixir da vida. Traduzindo, o tempo e a vida. O tempo passa por mim e acena-me, como se fosse meu companheiro desde sempre. A outra parte, não entendo a forma de como se encaixa em mim. Não tenho vida e previligio de longe a morte, abri-lhe o caminho e continuo á espera que me leve. Porém, ás vezes não me apetece morrer. Quando passei de longe, pressenti que algo não está bem. Sinto-te infeliz, não sei. Talvez esteja enganada. É nestes momentos de duvida, que quero prevalecer, para saber se estou certa ou errada. É por te encontrar triste que decido viver mais um dia. A minha coincidência constata-se todos os dias, até eu me sinto consequente das acções alheias. E o elixir da vida, quem me dera poder oferecer-to. De certo, sentir-te-ias diferente. Não olhei sequer. Segui em frente. Todos opinam o mesmo, há sempre motivos, há sempre razões, histórias, factos…E atrevo-me a dizer que há em ti essas histórias, esses factos que todos vêem como reais. E os há também em mim e em toda a gente. Há quem me elogie por ter uma vida passageira, por não me guiar pelos outros e por não me agarrar demasiado aos momentos, que também eles são passageiros. Enfim, tudo que se prende com a vida é passageiro. Há quem afirme com toda a certeza, que sou feliz. Mas a minha felicidade também não é completa. Também eu fracasso e sinto-me mal por não conseguir aquilo que quero. Porém, recuso-me a ser fraca. Recuso-me a baixar os braços e levanto a cabeça todos os dias. Não me interessa que me julguem ou que falem ou que comentem, quero lá eu saber daquilo que pensam! Tive duas vidas antes desta, que aprenderam igualmente, a não se importarem com o que os outros pensam. Ambas foram mortas! Que seja eu também! Pois como elas vieram, também eu virei. E vai ser noutra vida que vais ser minha. Não vou morrer sem ter uma overdose de ti, é a única maneira de me matares e de te livrares de mim. Já que a morte se recusa a levar-me, vem tu e dá-lhe uma pequena ajuda.

( "Comatose, II'l never wake up without an overdose of you." - Skillet)