segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Confidentes

Já tudo me faz lembrar-te! Às vezes, comento com as paredes, como és sólida e madura, como és dura e resistente. Quando se cansam de ouvir-me, geralmente saio, para que quando volte, possam ouvir-me de novo. É aí, que me dizem que te conhecem, que tanto sabem sobre ti! É natural, tudo de ti lhes conto. No meio destas conversas, a viola se intromete. Falo-lhe de ti e doce, leve e apaixonadamente, vai compondo uma melodia irónica e infinita, pega nos meus dedos, pede-me que acaricie suas cordas e juntas, fazemos um belo e sonante dueto. As paredes ciumentas, calam-se! Começam a ignorar-me e deixam de me falar. O ciúme não mata. Ai, se matasse! Ao ritmo da melodia, vão aparecendo retratos teus. Que vaidosos, por terem teu rosto! Se acham primogénitos de uma família numerosa. São tantas as recordações…A viola enfurece-se! Ninguém te conhece melhor que os retratos…têm tuas linhas, tua expressão, teu sorriso e teu olhar, são realmente genuínos, pertencem-te! Depois quando a viola se cansa, a saudade manifesta-se, acolhe-me em seus ombros, desperta-me ilusões adormecidas. Costumo falar-lhe! É com ela que costumo chorar, é ela que me faz confessar, é por ela, que sei que te amo.

Sem comentários: