quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Vencida mas feliz


Quando a vida nos dá segundas opurtunidades, a questão que se põe é se devemos ou não aceitá-las. Se o fazemos é porque tentamos ultrapassar e esquecer os problemas da forma mais fácil e rudimentar: fugindo deles. Se não as aceita-mos é porque cometemos um erro irremediável e podemos não mais ter tal hipotese, tal chance. Quanto a mim, não quero fugir dos problemas mas também não quero que briquem comigo e viver as mágoas de outra pessoa. Mas também não me quero culpar por ter deixado escapar pessoas que me queriam tão bem que até se tornavam medíocres e rastejantes, á espera que ultrapassasse os meus medos. Podem parecer inuteis mas nos momentos mais dificeis são elas, com quem podemos contar, é ele que me chama, é ele que me ajuda e me tenta fazer sorrir e eu simplesmente, passo todo o tempo a negar-lhe aquilo que ele mais quer, a mim.
Durante todo este tempo de incerteza e dor constante, reparei que sempre que estive mal nunca foi a pessoa que amo que me ajudou nem tão pouco que me falou, até porque ela é a causadora de todo o meu mau-estar. Mas foi ele, que se oferecia como a nenhuma outra, que me guardava como sendo dele, que me apoiava mesmo sabendo que queria ser apoiada por outra pessoa que não ele.
Lamento ter sido derrotada desta maneira, mas na vida há vitórias e derrotas e algumas derrotas, são mais dignas de que muitas vitórias. Mesmo assim, sinto-me vencedora, porque me assumi perante todos sem medo de enfrentar aquilo que sou. Sinto-me livre porque o meu antigo amor morreu para dar lugar a um novo amor. Este sim, está comigo sempre, quando preciso e até quando não me faz falta. Este sim me dá valor e me apoia sempre que preciso. Este sim combina comigo! Partilha-mos afectividades, recordações, sabores e delicias, somos muito diferentes mas demasiado iguais. E aquele ar timido e contraído choca com o meu feitio descarado e solto. E levas-me sempre que quero a conhecer-te. E sabes que já não te resisto porque minha obssessão suprimiu-se.
Mesmo sentindo-me vencedora nesta batalha de silêncios e submissões, ainda tenho aquele suspiro profundo que me abala o coração se não a vejo. E há facetas dele que me levam a pensar nela. Quanto a isso, nada posso fazer. Sem duvida, sou mais feliz. Isso já é suficiente!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ensaio sobre o amor


Desta vez não é a cegueira que mata. É o amor que escolhe quem morre.
Cansei-me de escrever sobre ela, portanto escrevo sobre aquilo que me tem mantido na linha durante os últimos anos. É interessante descobrir-mos qual o nosso limite, quantas definições podemos dar a uma essência tão simples como o amor. É curioso também saber até que ponto estamos dispostos a chegar, saber aquilo de que estamos dispostos a abdicar, tudo por amor. Mas que é isto do amor afinal?
Amor tem múltiplos significados: afeição, compaixão, misericórdia, ou então, atracão, satisfação, desejo. Mas cada um deles, utiliza-se para diferentes ocasiões ou para diferentes propostos. Mas clarificando, amor de uma forma geral, envolve um vinculo emocional demasiado forte com alguém ou algo, porque também se é capaz de amar alguma coisa para além do tão clássico alguém. Amor é uma complexidade de sentimentos, que acabam por afluir a um todo. É nesta colectânea que interveêm a loucura, a paixão, a obsessão e muitas vezes a luta e o sacrifício. É demasiado difícil amar! Aliás, é difícil o amor.
Há muita gente que pensa que ama. Há muita gente que ama. Há ainda muita gente que tenta não amar. Mas também há muitos que desprezam o amor, e quando por fim o tempo deles chega, não o entendem e sentem-se mal por terem uma vida que sempre evitaram. Não os condeno. Aliás, eu sou uma dessas pessoas que condena o amor. Maldito seja ele e todas as suas variantes!
Embora não o entenda, tento fazê-lo procurando todos os possíveis significados que lhe são atribuídos. Contudo, não me esclarece uma questão: Que fazemos quando amamos quem não devemos amar?
Sinto-me perante ele completamente desarmada, inofensiva e frágil. Mas eu não sou assim. Então o amor, muda-nos, molda-nos como ele deseja. Talvez agora o seja. Ele mudou-me, ou melhor, ela tratou de que ele o fizesse.
Parece afastar-se a cada passo, parece cada vez mais importante, porque mais uma vez é inacessivel. Talvez seja isso que a torna tão desejada, tão especial. Então o amor alimenta-se da distância, da superioridade, da diferença, da impossibilidade de ter-mos o objecto desejado. Porque sem dúvida alguma, há desejo.
O amor devia ser simples, pacato, talvez eterno. Mas a eternidade é longa e a vida acaba-se demasiado depressa para a vivermos. Imaginem o que seria amar eternamente?! De certo seríamos loucos, porque alimentaríamos não o amor, mas o medo de acabar-mos sozinhos. Muitos sofrem desta patologia do conhecimento humano, não é amor, não é loucura, mas sim medo. Tentam ocupar parte da sua vida a encontrarem alguém compatível, com quem partilhar interesses, opiniões, factos. O medo da solidão acrescenta-se ao amor. É por isso, que muita gente não é feliz, viva quanto viver, faça quanto fizer. Regem a sua vida pelo medo e nunca sentiram o que é amar realmente, embora estes se tentem enganar mutuamente e digam: eu amo-te.
O amor é curioso! E que ninguém me desminta…É estranho! É surreal! Admiro-me como nunca ninguém tentou fabricar o amor, sei lá, talvez um alquimista qualquer. Talvez todos nós somos alquimistas que fabricamos o amor sem darmos por isso. São as nossas acções ou as nossas não-acções, que fazem amar. É a nossa vontade, o nosso desejo, a nossa química humana, que nos permite amar e sermos amados. Seríamos amados se fossemos inanimados e sem rosto? Poderíamos amar alguém sem rosto? Saberíamos nós sequer se era amor?
Boas questões estas! E todas tão simples…contudo, sem resposta. Quanto a mim, a pessoa que amamos tem quota-parte no facto de ser amada. Por si só é especial. Possui certos arames, certas formas, certos gestos, que a tornam desejada, como se no mundo fosse única. Então se fosse inanimada e sem rosto, nunca seria amada. Aqui, não é a aparência que se preza, mas a forma de agir, a maneira arrojada de falar, o rebuscado pensamento, as virtudes e até quiçá, os próprios defeitos. Ser bonito, menos bonito, lindíssimo, belo, espantoso, nada disso interessa. Porque partilho de certa opinião, de que todos somos belos, quando se encontra a forma certa de o ser. O amor é o rosto de quem amamos e nada mais. É possível amar alguém sem rosto, porque o amor é cego e muitas pessoas ainda que seres humanos, pensam ser deuses. Contudo, são amadas mesmo com outro rosto que não o delas. Quanto ao saber se se trataria de amor, a questão difunde-se. Só o saberá quem pensa que o sabe, mas o amor tem sintomas como qualquer doença comum. Quando te sentires só e pensares nessa pessoa especial, é amor. Quando apenas ouvires essa pessoa, é amor. Quando sentes a falta dela a todo o instante, é amor. Quando te declaras enfrentando-a, é amor. Quando pensas em vez de fazer loucuras que a possam prejudicar, é amor. Quando és ignorada e mesmo assim persistes, é amor. Quando não aguentares e lutares mais uma vez, é amor. Quando morreres de amor por ela, definitivamente é amor.
Como qualquer doença pode ser incurável, definitiva. Aliás, pode tornar-se crónica e sentir-mos remorsos dela para toda a vida. Podemos sofrer toda uma vida por um amor que não deu certo ou sermos eternamente felizes por um amor que acabou por nos completar.
O amor é um rio principal, a que todos os ribeiros, ribeiras, trilhos de água afluem. É a foz, o desencadear de uma sobredose de sentimentos e sensações. É o palco, onde representamos aquilo que sentimos, nunca aquilo que se ensaia. É a salvação, que nos apoia e nos salva da tal solidão. É a condena, que nos arrebata forças e nos deita ao poço. Sei lá mais eu, o que é o amor…!
Com tantos significados, sinto-me cada vez mais inútil, tentando encontrar o significado ideal. Talvez seja porque amo e não percebo como posso amá-la. É muito diferente de mim, ou então, demasiado idêntica. Mas é alguém que embora me magoe com tamanho silêncio, me faz crescer. Faz-me aprender que as pessoas magoam até nos destroçarem e ajuda-me a entender porque é que ficamos desiludidos com algumas pessoas. Também me impulsiona a revoltar-me e a odiar todos aqueles que também me odeiam. Faz-me entender que as pessoas nunca dizem a verdade e por muito que digam “Sempre que precisares…” rapidamente me apercebo que é mais um “Desenrasca-te”.
As pessoas que amamos, talvez por serem amadas, desiludem-nos mais vezes, muitas mais vezes. Não as entendemos, nem de longe. Nem sequer sabemos o que pensarão de nós, se nos odeiam ou afinal se nos amam, e isto, porque se recusam a aceitar que alguém as possa amar. É a recusa que condena o amor.
Eu amo-a! Não sei porquê nem como foi possível, mas não o nego. É por isso que procuro respostas, é por isso que ainda vivo e continuo a minha luta. Sei que certa luta tem um fim. Aliás, nunca foi destinada á vitória, o que me indicia que no fim seja derrotada. Não porque eu não tenha vontade de vencer, mas porque não me adianta lutar. Ela não acredita nas minhas palavras, que aliás, nunca foram pronunciadas, apenas escritas. De qualquer maneira, conhece-me pelo menos o suficiente, para reparar que não gosto de jogos de mesa. E porque também, não tomei nenhuma atitude, que se possa dizer de luta. Não gosto de batalhas ancestrais de espadas e artilharia. Não aposto sem ter a certeza se ganho. Limito-me a dizer o que sinto e o que penso com a esperança de que me mostrem tanta sinceridade quanto eu mostrei. Mas ás vezes, a vida é tão injusta que nos desilude o simples facto de tomar-mos as boas decisões e depois, lamentamo-nos por ser-mos sinceros e por amar-mos.
É assim o amor…com todo o mistério e a envolvência humana, com todos os seus dilemas e questões platónicas, com todas as suas tempestades e bonanças.
Consegue fazer coisas incriveis o amor! Consegue ser ventre e rebento!
Do amor se geram gerações e gerações, o que não indica, que não haja amor que não gere geração alguma. O próprio Éter, fogo divinal e puro, simbolo do amor platónico, do amor ideal, nasceu do amor. Até Eros que é a personificação mais perfeita do amor, existiu porque assim o quis o amor! É realmente impressionante a capacidade criativa do amor. De tudo faz invenções, dele vêm todas as magnificas criações do mundo. Do amor vem a celestial melodia dos enamorados, aquela que encanta e faz encantadores encantados! Do amor vem a mais soberba obra de arte, rosto amado e senhoril!
O amor é cultura! É arte! É preciso saber esculpir, tocar, escrever para se amar! Não é de admirar que todos os grandes artistas, tiveram um amor outrora, na maioria dos casos, impossivel. Porque será que a arte é tão apaixonante, tão mitica, tão romantica? É o amor, são os ardentes e calorosos artistas que no seu extase mais intenso a fabricam.
O amor é mitico, descende de tronos e dinastias longinquas. Mais uma vez, é aqui impossivel, inacessivel. O amor foi uma barreira para muitos, mas a vida de alguns. Muitos se debateram por amor, romperam convenções religiosas e politicas revelando os verdadeiros e reais sentimentos que lhe avivavam a alma. Todos amaram e foram amados! Helena de Tróia, Hercules, Spartacus, todos eles tiveram os seus amores e desamores e até, quem os amasse e desse tudo por eles. O amor é lendário portanto, pervaleceu durante milénios. Porquê? É simples.
Porque não tem fim. Não é limitado e age simultaneamente com varias vertentes.
O amor á primeira vista não existe. Mas pode existir um amor odeado. Isto é, um amor que incialmente era ódio. Para se amar é preciso haver admiração, é preciso perceber-mos e sermos percebidos, é preciso haver contacto antes de haver amor. Pode claro haver, uma cumplicidade mutua, uma simpatia atraente que de certo modo se vai transformando em amor. Daí o amor ser infinito, não ter fim. Todos os dias nasce e morre. Todos os dias se renova. Assemelha-se a uma flor com um novo rebento, pode murchar porque já tem outro que o substitua. O amor existiu sempre e existe hoje. Mas isto não me garante que existirá amanhã. Cada vez se torna mais dificil renová-lo, pois numa sociedade tão atarefada como a nossa, não há espaço nem tempo para o fazer.
É uma pena…Haver pessoas que são amadas e que se recusam a sê-lo. É desastroso, deixar esquecer tamanha tradição, tradição esta que mudou mundos e mentes dos mais astuciosos estrategas e pensadores.
Enfim como já estou cansada de procurar, que seja o amor para vós aquilo que é para mim. Não é uma peça nem uma personagem, é a vida real! É uma pessoa que me completa, penso eu. É ela que amo, disso tenho a certeza, mas desisto. O amor pode ser importante mas não estou disposta a abdicar de tudo que anseio ter por alguém que não valoriza aquilo que faço ou que digo. Além disso, está demasiado longe, não consigo chegar-lhe. Espero que o tempo cure mesmo tudo. E tenho ainda esperança, de que o faça rapidamente.
Para vós, lembrem-se que o amor não é uma rotina. Acontece inesperadamente e em pessoas de quem nunca esperavamos. Nunca renunciem ao amor, nunca percam a esperança e nunca rejeitem alguém, pois essa pessoa pode ser uma num milhão e uma numa vida.

Fuga Terminal


Estou a morrer. Esta doença terminal da qual sofro, chama por mim, exige que vá com ela.
Já não suporto mais a dor, o desespero, já não posso lutar mais, já me faltam as forças e tenho que desistir. Dar-me-ei como vencida se for preciso. Mas desisto! Leva-me! Porque esperas?
Consomes-me por dentro, corrois-me a cartilagem como quem corroi pobre metal. Que imundisse crias-te…Pensavas que me levarias sem que lutasse pela vida? Enganaste-te!Eu nunca desisto sem empreender primeiro a minha luta, mesmo sabendo que é pouco provavel que vença. Fugi-te durante tempos e tempos. Apenas á pouco deste comigo de novo! Consegui enganar-te, aliás, tu falhas-te na tua procura.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Divina e Sensual


São tão doces os beijos, tão delicados. E quando ela me tenta, parecem ser mais selvagens, quase sem rumo. Humm, aquele sabor perfumado daquela personagem infame! Quase que me derrete, como se quebrasse todo o gelo que me adivinha por dentro. É tão sensual, tão tentadora, que quase não lhe resisto, torna-se a cada passo, mais e mais importante. Desejo-a e ela sabe que assim me sinto. E quando me beija, tenta fugir-me mas sabe que sempre a encontrarei. Agarro-a de tal maneira que quase sufoca….mas ela gosta que a possuia, gosta de ser minha. A loucura devota que ambas sentimos quando estamos juntas, faz aumentar a vontade de o estarmos mais vezes e por isso, toda a paixão, todo o amor se renova. É interessante, como nos damos tão bem, se bem que, na maioria das vezes, não temos sequer tempo para falar. Quanto mais para discutir! E o tempo é tão curto, tão diminuto que nunca estamos satisfeitas. Queremos sempre mais e mais e quando nos despedimos parece que voltamos ao inicio. O tempo não nos chega! Corre depressa demais! Mas nós aproveitamo-lo o mais que pudemos. Estica-mos a corda ao máximo e cada momento é revivido vezes e vezes sem conta. É tão química, tão elementar, tão sedutora que definitivamente é impossivel resistir-lhe. Como queria beijá-la sem temer, como queria adormecer com ela sem questões atempadas de pensamento. E no fim despedir-me apenas, crente de que outro dia será.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Corpo Ardente


E encarei assim a morte. Podia sentir o cheiro daquele bafo incestuoso por entre as presenças. E a minha atençao revirou-se de imediato, para o corpo dormente, terreno, envolvido em sedas e outros cetins. A frieza com que encarei a situação, assustou-me. Parece que a perda não faz parte de mim, parece que me encara com respeito. A própria morte respeita-me. Aquelas velas, aquele clima de ardente pesar, enfeitiçavam como se se tratasse de pura bruxaria. E era tão esbelta, estava tão serena que parecia realmente estar dormente, envolvida no sono. A figura era-me familiar, mas estranhava-me. Eu estranhava-me a mim mesma. E pensava, pensava, em como somos uma ninharia neste mundo. As flores asfixiavam, dentro dos arranjos. Não havia oxigénio que respirar, estava tão pesado, que condensava. Chegavam sem cessar. Choravam, pediam, rezavam, e eu simplesmente, estranhava tudo aquilo. Simplesmente estava alheia, ausente. Vê-la, não me causava nem nausea nem dor. Apenas me fazia perceber, que a morte embora me respeitasse, tentava levar-me aos poucos. Tentava conquistar terreno, para mais tarde, dar inicio á batalha. E aquele meu achado, aquele bem-vindo de boa sorte, era na realidade um prenúncio de mau agouro. Um prego, parafuso ou outra gema qualquer! Estava claro que alguma coisa significaria, mas desconhecia que poderia ser tal coisa. Enquanto filhos, irmãos, netos, choravam por ela, eu revelava-me fria e não conseguia perceber porque choravam, rezavam ou porque reagiam de tal forma. A minha pele sentia-se quente, seca, sem lágrima alguma prestes a cair. E vi, a minha mãe chorava. Mas eu, não conseguia. Simplesmente, acho que não consigo sentir. E assustavam-me os santos, o sagrado coração, porque não me chamo católica. A própria faceta do altar, parecia envolver-me á força, como se fosse pecadora, como se pecasse. Deveras peco. Todos somos pecadores. Sentia-me realmente em casa. E sem querer acreditar, sentia-me bem com o sofrimento alheio. Sou cruel! Cruel eu sou. Depois, aquelas badaladas, como se anunciacem a vinda do messias, sentia-as dentro estremecer. Tremia-me a alma, a cada som.
Quando a fecharam para sempre, percebi que a imagem se deteriora, percebi que a recordação fica, não a pessoa. Contudo sabemos quem foi, isso já é importante.
Adeus tia! Até sempre!

Memórias


E há sempre aquelas memórias lamechas, que toda a gente tem. Talvez por serem assim, todos escolhem tê-las, guardá-las. Possivelmente por serem boas, pois más ninguém as quereria. Há sempre aquela foto ridícula que mais tarde é essencial. Porque a memória é uma máquina, com vida própria.
Surpreendo-me ás vezes, quando dou por mim a vaguear pelas lembranças, pelas memórias, é tão incrivel tentar perceber porque ainda as temos ou quantas poderemos guardar sem que a cabeça se nos queixe. Ás vezes vou distraída e piso nelas sem me aperceber. Sobrevalorizo-as só porque não há pormenores ou porque são demasiado vagas. Mas muitas delas são de bons momentos, que eu achei não serem tão importantes. Mas continuam lá, no chão que ás vezes piso, á espera que me lembre de as lembrar que ainda existem, que ainda são minhas. Porque de certo, o são. São só minhas e embora possa haver quem tenha tido tais momentos, não haverá ninguem que os lembre como eu. Nenhum pode ver como eu vejo, nenhuma pode sentir com eu senti, ninguém pode pensar como eu penso, porque na curiosidade mais adversa, somos diferentes, embora sejam semelhantes os momentos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

AmO-Te TaaC!!!!
NaO te perCEbO... JurO qUe naO te
perCEbo!!!!
MaS amO-Te, jÁ diSse qUe te
amO!!!
NãO qUerO saBer, amO-Te e Ai de qUem
me DesminTa!!!
NuNca!!!!
SenaO dá-Me um
At(tac)K!!!
A SériO... AmO-TE!!!
NãO tenhO verGonhA de tO diZer
peSsoaLmenTe...
PeDE-mE e veráS!
MaiS umA veZ, amO-Te.

Arrependo-me de amar


Custa-me tanto saber que te fazes acompanhar por tanta gente, embora não o pareça! Estou ciumenta! Sinto ciumes de pessoas que mal conheço, pelo simples facto de que, estão contigo, não literalmente, mas partilham contigo averes, opiniões, riem-se contigo, fazem-te sentir bem! Lamento não poder dizer o mesmo! Lamento e sinto pena por mim mesma, porque não consigo falar-te pessoalmente…não é coragem que me falta, mas medo do que me possas dizer…Sinto-me temerária mas quem me faz temer es tu! Tenho medo de te perder, quando ainda nem sequer te consegui…Como é parva a vida! Tento por tudo olhar para ti mas as saudades invocadas e o amor que por ti sinto, não me deixam olhar sem que mostre os meus sentimentos…Nunca me senti transparente, mas agora, desde que sabes, sinto-me um cristal miseravel e ordinário, um simples cristal de onde tudo se vê e nada se esconde. Até quem não me conhece, pode ver que te amo! E tu arrebatas-me tudo que tenho, tiras-me a força, tiras-me a atitude, tiras-me o mistério, arrancas-me a alma, e deixas-me nua, sem nada, simplesmente eu e o que sinto, exposto ao mundo, aos que me olham, exposto a todos. E o que mais me irrita em ti é que me ignoras! Para não dizer, que passas todo o tempo a pensar que ainda sou uma criança, que tenho 17 anos, que não tenho vida, que sou o que sou, e tu achas-te superior e enriqueces a alma, achando-te assim….Porquê? Enganaste-me tão bem, e agora não lamento não ter-te dito antes, o quando te amava, não lamento não estar contigo, mas lamento amar-te, muito! Se pudesse voltar atrás, teria agido de maneira diferente, ter-te-ia encarado, como a pessoa vulgar e superior que és, como a pessoa fria e obsoleta que te tornas-te, como a pessoa cruel e egoista, que vieste a ser! Nunca teria sentido o que sinto agora! Mas agora é tarde! Não posso apagar o amor, não posso apagar o que fizes-te por mim, por todos, não posso encarar-te como a pessoa que te tornas-te, mas como a pessoa que eras…Eras sólida, eras um simbolo de respeito, de amizade, de cumplicidade, simples, eras amarga, mas tinhas consciência de que por dentro, eras fraca, frágil!
DESILUDISTE-ME! E tudo que agora sinto a mim devo! Não te culpo por nada, ao contrário dos outros, acho que as desgraças e as desilusões, se devem a quem as cria…Portanto, és inocente! Apesar de seres rude e de neste momento seres a pessoa que mais odeio, por outro lado semelhante, és a pessoa que mais amo, que mais quero, que mais ambiciono esquecer, porque me marcas-te, porque estás aqui e sempre estarás embora eu vá sempre tentar, com que não estejas mais.

AmoTe e não devia amar-Te

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Recaída


Eu tento esquecer-te mas significas demasiado para mim! És-me tudo mesmo que te afastes e finjas que não existo. Ás vezes desejo matar-te, desaparecer. Outras, como agora, desejo que tudo fosse diferente, que nunca tivesses sabido que eras importante, que passasses apenas de mais alguém na minha vida. Mas tomei as piores decisões. Teres sabido foi a pior delas, mas não conseguia passar por ti sem que o soubesses e sem saber como me sentiria. Que vida de merda diriam muitos! Não tenho dúvidas que há melhores, mas acima de tudo, és e serás sempre parte da minha. Vida que já não tenho, porque a minha vida és tu. Pena, que não percebas ou finjas não perceber o que significas para mim. Mas prefiro que me odeies, prefiro ser odiada, do que permanecer neste silêncio que há entre nós.
Naqueles momentos de loucura, de lunática compulsiva, talvez não o seja. Talvez tente ser aquilo que não sou. Ás vezes preferia estar doente do que saudável. Preferia estar drogada, embriagada do que lúcida. Mas é na lucidez intacta, que vejo o quanto te amo. É por pensar, por ser demasiado correcta contigo e demasiado mártir comigo mesma, que descubro que preferia morrer a fazer-te mal. Não! Não me venham com vinganças! Já não tenho forças! Talvez tenha sido feita para vingar, mas nunca em ti. Não! Morreria de remorsos…
Mas permaneço com a certeza, de que a minha alma, já cá não está. As minhas preocupações cessaram, a guerra já terminou a muito tempo, aliás, nunca chegou a começar. Ok, rendo-me! Ganhas-te! Estás feliz por me teres tornado numa falhada, numa inútil, numa desgraçada sem ideais, sem amor, sem alma? Talvez estejas, não sei. Fico com a sensação de que tudo que observei durante dois anos, eram ilusões, ilusões apenas.
Ainda gostava de ter uma resposta, nem que apenas seja para dizer: “Desaparece”. Sei que fiz coisas que não deveria ter feito, sei que fui demasiado longe e tomei atitudes que nunca pensei em tomar. Ultrapassei os limites! Por isso, desculpa.
Não consigo! Juro que não consigo! Matai-me, enterrai-me tão fundo, que nem os meus gritos se ouçam. E eu deixo…levai-me, deixai-me descansar. Não tenho forças! Já disse que não tenho forças! Tenho os nervos dissecados e nas veias corre-me pó. Peço-te a ti, leva-me, nem que seja necessário que sejas tu a matar-me. Mata-me! Antes isso, que ser odiada.
Amo-te TAC

Lunática


Eu tentei avisar-te, eu tentei! Não tenho culpa que não tenhas ouvido…Ignoraste-me como se fosse “lixo”. Mas eu sou um “lixo” sem limites, que sempre volta e nunca desiste. Sou lunática, sou doida, sou louca, mas todos os loucos devem a sua loucura a algo ou a alguém. És tu a culpada, és tu a minha loucura e essa infiltrou-se em mim de tal maneira, que nem pela minha vontade se desvanece. Não sou normal. Não me alimento como tu, não vivo como tu, não sou como tu. Alimento-me dessa loucura sem limites, dessa alma inexistente, dessa incerteza constante. Eu alimento-me sim, absorvo o mal e utilizo-o em função das minhas vontades. Estou furiosa! Nem sabes o quanto, porém sempre que me vires, estou alegre simplesmente normal de modo a passar despercebida. Sou louca, aviso-te que o sou. Aconselhava-te a alertares alguém…Não me responsabilizo pelos meus actos! Podem ser tão crueis…Não tenho medo de nada, de ti, de ninguém. Não tenho nada a perder, nem sequer tenho vida. Se pensas que por um minuto podes parar tamanha loucura, enganas-te. Ninguém me pára, ninguém me desafia, porque quem o faz, de uma maneira ou outra, acaba sempre por perder. Nem sabendo que fui eu tens a coragem de mo dizer! Cobarde! Nada do que tu possas fazer me impedirá de ter o que quero. Agora, já não te amo, é a minha ambiçao, a minha obsessão promíscua que me percorre. Não tenho veias, porque nem sangue nem nada, sinto nelas. Não tenho consciência, porque por muito mal que veja, sinto-me sempre bem comigo própria. Não tenho alma, porque não há miséria, porque não há tristeza, porque não há remorsos que me afectem e isso, aprendi-o de ti…
Posso ser fraca, posso ser forte, mas se algo desejo é vingança. Sou vingativa e aceito-me como sou. Se tiver que me expor, exponho-me, se tiver que falar, falo, se tiver que dizer, apenas digo, se tiver que lutar, luto sem temor, se tiver que vingar, deposito aí todas as minhas energias. Não têm fim! Embora seja terreno o meu corpo, o meu espirito prevalecerá sempre. Sou eterna!
Sabes? Eras realmente tudo, eras aquilo que eu mais queria, mas agora, desafiaste-me e eu ganharei o desafio, nem que morra a tentá-lo. De uma maneira ou outra, és minha! Caso contrário, arranjarei quem pague um preço bem alto. Com as coisas quem sei, não será dificil saber quem…Pobres coitados, parece-me que nem sequer sabem que estão envolvidos.
Sou lunática e no espelho apenas se reflecte essa faceta, instável e vingativa. Que fique esclarecido, que tu transformaste-me ! Tu foste a culpada, tu és a culpada! Roubaste-me a alma, arrancaste-me a vida…Estou preparada para o combate, que o jogo comece…

Start - O inicio do jogo

Não posso crer. Acabei de cometer um erro irreversivel. Acabei de ser derrotada pela minha própria vontade, acabei de me tornar na pessoa que combati até agora, vingativa e impaciente, sem limites nem quaisquer principios. Quero que morra de uma vez, que deixe de existir para mim. Quero que desapareça da minha cabeça, quero que saia, que se demita.
Fizes-te de mim um animal, sem limites em absoluto,obrigaste-me a ser desumana e a cometer loucuras. Não me julgues se o souberes, pois tudo que fiz foi por ti. Maldita sejas! Não podias ter-me respondido! Não podias ter dito que “não” em vez de me ignorar…Pois fica sabendo, que não gosto de ser ignorada e juro pela minha alma, que a venderei ao Diabo, que a tua vida ficará marcada para sempre, por essa tua falha de consideração, por essa tua arrogância de senhora empruada. Força, porque vais precisar dela!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Codex


Não consigo decifrá-la. Todas as palavras passe estão erradas, todos os anagramas, nenhum dá certo, todas as analogias, nenhuma é para mim decifrável. És um código sem descoberta. Os anagramas são tão complicados que nem com mil dicionários se resolvem. E sinto-me inquieta, surpreendida de como consegues ser tamanho segredo.
E as notas de música, não me servem para a melodia e as letras que ponho e tiro, não servem, estão erradas. Tudo está errado. Já experimentei piratear-te, talvez descobrisse como decifrar-te, mas não encontro quem saiba piratear tamanha incerteza. És mesmo imparável, ninguém te decifra. Ó palavras, ó código dos códigos, de que me servem tantos saberes se não me servem para te saber ti? Tenho tudo: tenho as pistas, tenho os segredos, tenho os caminhos, tenho as cartas, tenho os lugares, e depois no fim, parece que não tenho nada. Nada disto me serve. Mas que código és tu afinal? Que procuras para seres tão resistente? E depois são as matemáticas, as adições que têm de ser subtraídas, divididas e depois multiplicadas á sexta potenciação…Maldita sejas matemática! Se fosse em ti boa, talvez já a teria decifrado…Tu e os teus problemas matemáticos, as tuas equações manhosas, os teus números de negação…
Ah…mas não és só tu, também estão envolvidos os teus vizinhos simbólicos, o ph, o π, as fórmulas quimicas, sim! Porque esses também não me ajudam.
No amor tal como no ódio há ph e há químicos que se expandem e se mutam.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Prenúncio


Lembro-me de adormecer por fim, caíra num sonho profundo. Como estes, já muitos conto, sonhos de mentiras, sonhos de injúrias e de realidades irreais, sonhos sem nascentes, sem vida, sonhos nos quais o sol não brilha, sonhos que me assustam e me mostram as trevas do mundo.
Um sonho que tive, desta vez em que adormeci, com esperança e talvez com futuro, arrebatou-me a satisfação de estar vivae fez-me prever que possivelmente não o estarei por muito mais tempo. Esta doença que me consome, invade-me durante o sono. É ela que me aparece! Aquela imagem real e puramente irónica, é sempre ela que me arrebata…maldita sejas e as ironias que dominas! Sonhei que me aparecia, enquanto eu caía ao abismo…segurava-me, puxava-me para ela, mas a minha paixão e o meu respeito desvanecera-se com o tempo. De tanto lutar, apercebera-me que não valia a pena. Ela dera-se conta de tudo, de que a queria, de que me queria, porque todos aqueles olhares e a maneira como nos ignoravamos mutuamente, tinha um sentido, uma razão. Enquanto me puxava, sentia o peso do mundo, da sociedade a cair-me em cima, da razão que diziam não termos. Desta vez, era ela que lutava e eu que resistia. O abismo chamava-me e os demónios, puxavam-me com força de gigantes, daqueles que estremecem o mundo de uma pisada. Eu queria cair! Estava farta de lutar, sentia-me cansada da espera, estafada da vida e do que tentávamos esconder.
Caí! Os demónios partiram-me o coração em pedaços, alimentando-se da mágoa que dele saía! Ela, tinha desaparecido! Do abismo, podia ouvir-me chamar por ela! – Onde estás?
Não obtive resposta. Nem ela nem os demónios tiveram piedade por mim. Nem ela nem eles, me deram uma oportunidade. Pelo menos, enquanto ela me ignorava, eles ansiavam que me deitasse ao abismo, ansiavam pelas minhas mágoas, pela minha dor, ainda fresca e pálida! Faziam troça! Riam-se do infinito dos infernos! Acordei finalmente!
Quando me levantei, olhei para o chão…o meu corpo jazia num azulejo avermelhado plasmático. Quando virei a cara, ali estava ela! Agarrava-me pela mão e chorava lágrimas imperdoáveis. Percebia agora, porque é que ela tinha desaparecido. Não porque me tivesse deixado, mas porque eu decidira deixá-la a ela.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Força! (A)

Pela primeira vez, desde que ela me roubara a alma, senti-me viva. O furor, o ânimo, o desejo de vencer, o espirito de batalha, a força de torcer por aquilo que nos identifica, fizeram-me sentir parte de uma comunidade, que para mim, já pouco ou nada me dizia. Aqueles sons, ruidosos, mesmo estridentes, badalavam como se viessem de longe e mesmo assim, chegavam a nós. A música, o proprio ambiente de companhia e de aspiração ao triunfo, á vitória, faz com que os gritos, tenham sentido. Torcer, a defesa pelos nossos interesses e pelos nossos objectivos, não tem gritos suficientes, porque nunca são demais. Gritem! Força A! Era aquilo que fez parte de mim hoje, e fará, numa memória recente. Contudo, o pensamento tentava enganar-me e puxava-me a pensar nela. Mas eu resisti de tal maneira, que deixou de teimar. Pensar incomoda, já o dizia ele e pensar nela, deixa-me realmente exausta e incomoda-me ainda mais. Os grupos vibravam, vibraçao que podia sentir, mesmo longe, entretendo a alma com nicotina e algo mais. Os sons pertenciam-me! A voz era minha. Eu estava ali, eu torci e lutei o mais que pude. Nem acredito que fiz o que fiz. Mas que se danem, porque me senti bem a faze-lo. Senti-me viva, porque finalmente, estava adormecida. Gastar o meu tempo, ocupá-lo com ela, para quê? Há tantas coisas que pedem o meu respeito, a minha ajuda, o meu apoio e ela que não quer nada, teria-os bastando pedi-los. Cansei! Fiquei perturbada…o meu sono estava tão prolongado, que dou graças a alguem por ter acordado. E a tarefa, o suor, o trabalho que nos envolve de tal maneira, não nos dá margem de sequer pensar. O empenho é demasiado. O espirito fortalece-se. Senti-mo-nos seres de luta, que nascemos para vencer.

Anjo Gabriel

Deixas-me embalada, meu anjo, quando docemente te diriges de noite, ao meu leito de sonho. Ai Gabriel, se pudesses visitar-me mais vezes. Contigo, sou melancólica. Penso no que perco e nunca no que ganho. Deixas-me louca de tanto pesar, de tanta fraqueza que inalas, daqueles que como eu, por ti são visitados.
Vi-te ao nascer, estavas lá! És o mensageiro e sei que armas-te rebelião nos céus para me veres! Foste o primeiro, vies-te de tão longe para que me dizeres que o Dom da vida, me tinha sido concedido. És o meu ego quando estou mal, és o meu companheiro e sinto-te lá, sempre que preciso. Tu ouves-me e abraças-me recolhendo-me nesse teu leito de penugem relucente, branca e cálida como a pura neve. Ofusca-me os olhos esse teu ambiente de incerteza, de trevas banhadas em ouro, de compreensão, de utilidade mais que sucinta, de rebeldia transparente e de amor, pelo que viste nascer! Parece-me que foi ontem, Gabriel! Mostraste-me como o mundo é bonito, como o mundo foi criado para mim, mas fizeste-me a pessoa mais insatisfeita do mundo, porque o mundo não me chega. Apenas não é suficiente. Eu quero mais, tu sabes que sim. Ajuda-me, dá-me o mundo! Quero-o! Anseio por ele!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Perda de Identidade


Se eu pudesse, por-me-ia a mim mesma a teu lado e talvez te perguntasse se gostarias que o fizesse. Seríamos uma tela, uma fotografia nas quais te procuraria da mesma forma como se procurasse um tesouro. Afincadamente, tentaria fazer-te melhor do que aquilo que és, corrigir os teus defeitos e por-te mais bonita, se bem que os artistas já fazem isso. És a minha fotografia, o meu retrato, o meu caderno de notas, o meu lápis de carvão, o meu quadro, a minha borracha porque sem ti, nunca escreveria como escrevo, ainda que tivesse tudo o resto.
Quando pinto e desenho, são os teus traços que nos desenhos evidencio, quando ouço musica, é o teu tema que ouço e que me embala, quando escrevo és tu a protagonista, a personagem principal, quando choro és tu minhas lágrimas, quando rio és o meu sorriso, quando sofro és a causa do meu sofrimento.
Nestes meus trabalho sobre ti, deveria receber algum prémio nobel, já que consigo encontrar-te em cada um deles. São todos maravilhosos, esplêndidos e claro, todos te descrevem, todos têm partes tuas e todos são originais. A única razao porque ainda os faço e continuo a insistir em tê-los, é para que tente encontrar-me neles, o que se torna cada vez mais dificil. Eles não tratam sobre mim, mas sobre ti. Esqueci-me de como sou, já nada meu há neles. Perdi a alma e o meu interior é vazio, raso e pesado como metal enferrujado e dormente, consumido por uma doença verde-acastanhada – a ferrugem.
E agora? Como faço para voltar a ser eu? Já não sei quem sou, já não vivo por viver, já nem sequer vivo. Já não sou eu, não me lembro do meu nome, de quem sou. Sinto-me doente, mas não sei se estou mesmo doente. Pareço louca mas não ajo como tal, pelo contrário, sou bastante ponderada e penso antes de agir. O controle é a minha virtude. Seria eu assim? Será que aprendi a ser assim, controladora, ponderada, com a razão ao peito?
Deixei de apreciar a vida e tudo que nela existe. Sinto-me invisivel, não consigo encontrar pedaços meus em nada. Olho para o mar e em vez de me transparecer calma e paz, mostra-me revolta e terror. Observo uma obra de arte e parece-me absurda, idiota, estupida. Revelo algumas fotografias e por muito que tente olhar, vejo apenas um papel branco plastificado, sem rosto sem nada. Olho para a vida, necessitada e finita, e parece-me nunca ter fim. Desço um penhasco e apetece-me deitar-me ao abismo, apenas cair, sem pensar na morte ou na vida. Preciso de libertar-me de ti, isolar-me desse teu mundo que parece apenas pertencer-te. És a minha obra de arte ou pelo menos, a protagonista das minha obras, da minha arte. Podias ser muito mais,mas recusas-te a isso. Agora que me recusas-te, assim como ao meu amor, insultando-o com tamanho silêncio, com tamanho desdém, tenho como objectivo, que nem sequer sei se é objectivo ou missão impossivel, ser eu, voltar a tentar sentir-me viva e tratar-me de mesma forma considerada com que tu o fizeste, ser o frio coração que mostras-te ser e voltar a fazer obras de arte que tenham o meu nome e não mais o teu.

Crónica de quem ama e não devia amar (Parte 3)

Com o passar do tempo, acho que notei que a conclusão da segunda parte estava errada. Quando disse que se deve amar, menti. Não, não amem, se for para serem ignorados como eu. Melhor ter Diabo comigo de que ela. O meu jogo falhou, perdi. Ela nunca me ligou, nunca se interessou, nunca quis saber e o que mais me dói, é que não tem coragem nem para me dar uma merda duma opinião. Custava-lhe assim tanto? Por muito que me ponha no lugar dela, não consigo perceber a frieza com que age. Será que ela ainda não entendeu que a amo?
Não me respondeu. E o mais sensato da parte dela, foi apagar todos os meus mails, que eu acho que nem sequer os lê. Como posso amá-la? Como é que ainda tentei lutar por ela? Nunca valeria a pena porque sempre me ignorou e sempre o fará! Embora a ame, amar mesmo fortemente, odeio-a com tudo que sou. És a pessoa mais futil, mais previsivel e mais cobarde que conheço. Se fosse outra pessoa não me admirava, mas agora tu, uma pessoa que enfrenta tudo e todos, que se faz de forte e no final é a pessoa mais cobarde do mundo? Embora não te conheça já havia de ter percebido de como eras, , e o que me diziam, afinal estava certo. Se cometer alguma loucura, nunca será por ti, mas para que sintas a culpa sob os ombros, para que saibas o que é ser culpado e sofrer. Se morrer, virei do inferno, para assombrar a tua existência, porque nunca terei descanso.
Não és mais uma ambição. Não és mais aquilo que quero. És agora aquilo que eu mais odeio, que eu mais quero eliminar da minha existência. Matar-te-ia se não tivesse de pagar pelo meu feito e de seguida matar-me-ia de remorsos, mas pelo menos, estarias pior de que eu, isso chegava-me.
Quero-te morta se isso me fizer sentir melhor! Quero que morras hoje, quero que o mundo te consuma e os males nele te devorem. Morre! Sai da minha vida….desaparece Cabra!
Não vou lutar mais. Depositei as minhas armas e preparei a minha cruz. Rendo-me! Vem buscar-me, tira-me desta agonia de rejeição. Perdo-a os meus pecados e deixa-me seguir-te. O AMOR não me salva, o AMOR não salva ninguem. Nunca cometam o mesmo erro que eu cometi. Nunca se aproximem mais do que o permitido. Nunca se deixem domar pelo amor nem pela pessoa que amam.