terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Anjo Gabriel

Deixas-me embalada, meu anjo, quando docemente te diriges de noite, ao meu leito de sonho. Ai Gabriel, se pudesses visitar-me mais vezes. Contigo, sou melancólica. Penso no que perco e nunca no que ganho. Deixas-me louca de tanto pesar, de tanta fraqueza que inalas, daqueles que como eu, por ti são visitados.
Vi-te ao nascer, estavas lá! És o mensageiro e sei que armas-te rebelião nos céus para me veres! Foste o primeiro, vies-te de tão longe para que me dizeres que o Dom da vida, me tinha sido concedido. És o meu ego quando estou mal, és o meu companheiro e sinto-te lá, sempre que preciso. Tu ouves-me e abraças-me recolhendo-me nesse teu leito de penugem relucente, branca e cálida como a pura neve. Ofusca-me os olhos esse teu ambiente de incerteza, de trevas banhadas em ouro, de compreensão, de utilidade mais que sucinta, de rebeldia transparente e de amor, pelo que viste nascer! Parece-me que foi ontem, Gabriel! Mostraste-me como o mundo é bonito, como o mundo foi criado para mim, mas fizeste-me a pessoa mais insatisfeita do mundo, porque o mundo não me chega. Apenas não é suficiente. Eu quero mais, tu sabes que sim. Ajuda-me, dá-me o mundo! Quero-o! Anseio por ele!

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