sábado, 3 de janeiro de 2009

Não mais "Porto Seguro"


Mesmo assim sinto-me ancorada nesse teu porto, sem saber se fico ou se parto para bem longe. Talvez encontre um porto melhor ou nenhum onde possa voltar a ancorar como no teu. Minha âncora soltou-se sem que me desse conta, marcou território e desejava a conquista. Mas a batalha era demasiado dura, o teu porto estava demasiado guarnecido de silêncio e mágoa. Fui obrigada a partir. Mas em nenhum outro porto tenho paragem.
Todos são demasiado inconstantes e submissos. Todos se inundam á força das tempestades e tormentas. Mas esse teu porto mantinha-se constante, sempre forte e visivel na mais arrasadora tempestade. E estranhamente, ancorava outro alguém que não eu. Desconheço tal rosto e tal humano temperamento, mas sei que ali pervalecia talvez á mais tempo que eu mesma. E prevalecerá, possivelmente á deriva pois no teu porto, é dificil encontrar o caminho de volta. É imundo de labirintos e analogias, não tem coordenadas. Nem tão pouco há mapas, que me levem a um caminho. És um porto sem Norte e sem Sul. E em ti ancorei, não procurando os pontos cardeais, mas tentando procurar-te a ti. Avarias-te minha bússula, meu astrolábio perdera-se no mar. Estava sem saídas, sem ajudas. Nem os deuses tiveram de mim piedade. E culpavam-me por ancorar em tamanho porto, onde sabia que não iria encontrar-te. Mas eu insisti e remei, remei até mais não poder. Cheguei ao teu porto e bloqueaste-me como a barragem bloqueia as águas fortes e pesadas. Minha sobrevivência puseste em causa e estavas certa de que acabaria por levantar minhas âncoras e partir. É curioso como esse outro que ancorara em ti, permanece ainda. As tempestades intensificam-se a cada dia. A mágoa que possuis, apodera-se do teu porto e transforma-o, não num porto seguro, mas numa paragem em que a sobrevivência se torna impossivel.

1 comentário:

Little Drama Queen disse...

Adorei este! Parabéns! :D