quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

As palavras que nunca te direi

Não sei se devo ou não fazê-lo. Em todo o caso já fiz tantas coisas impensáveis que não me admirava que as voltasse a fazer. Há coisas que nunca farei assim como há palavras que nunca te direi. Costumo dizer que nem por cima do meu cadáver! Bem, visto desse modo talvez o faça. É estranho confessar-me. Aliás, é tão estranho como esporádico. Talvez o facto de não ser católica ajude a que isso não aconteça. Nunca te direi que te amo. Sabes que já o fiz mas não voltarás a ouvi-lo. Nunca repito duas ideias quando não as querem ouvir. Nunca direi que me fazes falta porque a saudade acaba por matar-me. De facto, sinto-me a morrer em vida. Nunca te direi que te percebo. Sabes que o faço desde o inicio e não te condeno. Nunca te direi para não me falares, embora isso ajude a desativar-me. As decisões são todas tuas, eu limito-me a não responder caso decidas falar. Nunca te direi para me compreenderes porque sei que o fazes lá bem no fundo. São escolhas e cada um tem-nas próprias. Nunca te direi quem és embora nem tu saibas sequer. Cabe a cada um descobrir quem somos e aquilo a que estamos destinados. Nunca te direi o que podes esperar. Não sou vidente embora tente descobrir o teu futuro através de factos e assimilições. Lamento saber que talvez não tenhas tempo de descobri-lo. Nunca te direi aquilo que eu quero. Já o sabes e volterei a repeti-lo mais uma vez. Quero-te a ti. Nunca te direi porque foste tu porque nem eu sei. És um enigma sem resolução, uma tendência sem moda, um tesouro sem mapa. Nunca te direi que me matas. Apenas o lerás. A coragem já me falta e começo a falhar-me a mim mesma. Nunca te direi que sofro. Não é sofrimento. É fracasso por não ter quem quero. Não tenho tempo para sofrer. Nunca te direi que a vida é injusta. Aprenderás ou já aprendeste que o é. Nunca te direi que a minha desilusão és tu. Não me sinto com direito de te chamar “desilusão”, mas a verdade é que o foste. Nunca te direi que nunca vou esquecer que me ignoras-te. Nunca serás completa porque acabas-te por fragmentar-me. O Universo acaba por equilibrar a balança que por enquanto pende para o teu lado. Nunca te direi que te odeio. Sinto um rancor enorme quando te vejo, chego a sentir-me vazia e apetece-me bater-te. Porém, também me sinto bem por te amar. Isso acaba por salvar-te. Nunca te direi que serei sempre correcta, tenho limites e estou prestes a derrubá-los. As consequências medir-las-ei mais tarde. Nunca te direi como te admiro. Certamente, nem quererias ouvi-lo. Eras muito capaz de me ignorar mais uma vez. Nunca te direi mais nada. Nem um “olá” nem “adeus”. Tu já te despedis-te á muito tempo! Nunca te direi para me ouvires porque talvez não fosse capaz de falar. Há coisas mais importantes. Nunca te direi “desculpa”, porque o erro não foi mentir mas ser sincera. Nunca te direi para também tu me amares porque até já eu, aprendi a amar outra pessoa para além de ti. Nunca te direi que vais ser feliz. De facto não serás. Posso afirmar com certeza de que és ainda mais vazia do que eu. Nunca te direi que ganharás essa tua batalha de aparências rudimentares mas talvez te sintas bem se pensares que o fizes-te. Nunca te direi para desapareceres. Ambas temos lugar no mundo e tempo de vida. Estas palavras nunca as ouvirás porque todas elas são aquelas que nunca te direi.

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