Fostes da mesma forma que viestes.
Rápida, fugaz...
A toda velocidade.
Não te lembro senão por aquilo que foste.
Uma passagem.
Uma passagem que mudaria o meu percurso, a minha forma de ver as pessoas.
Uma passagem que traria conflitos que eu mesma teria que resolver.
Foste sem deixar recado, sem despedida.
Continuei a manter-te em segredo, bem escondida entre os dentes como aquela pastilha-elástica que vai perdendo o sabor de tanto se mastigar.
Corri riscos, deixei-me enganar.
Abandonei tudo aquilo que me fazia feliz.
E hoje, que unicamente te guardo na memória, arrependo-me de ter tomado todas e quaisquer decisões na minha vida até hoje.
Arrependo-me de te ter tornado um ritual, uma história...
Vives como um fantasma na minha cabeça, acorrentado e com medo da vida.
E realizas-te como uma ameaça para aqueles que te lembram dentro de mim.
Está na hora de desligar, de dar oportunidade a outros.
Estar presa a um passado faz-me criar conflitos e não deixa que eu me agarre a este presente, a este presente que não só a mim pertence.
Dar-te vida.
Era esse o meu propósito que falhou pois seria bastante assustador ser apoiada por um fantasma.
Sempre foste o meu impulso, o meu remo, a minha Costa.
Hoje, isso deixará de ser uma verdade.
Nunca ninguém será como tu.
Mas será que não terei já encontrado alguém melhor?
Alguém vivo?
Outro impulso?
Hoje, o adeus está firmado.
Ficarás guardada sim mas bem fundo para que seja impossível desenterrar-te outra vez.
Para que não seja tentada a fazê-lo...
Para que não sejas mais uma ameaça para ninguém.
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