quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Naufrágio
Entrego meu corpo, impuro e cansado a ti, oh mar!
Por te temer em vida, consome-me neste meu fim.
E esta alma vil e errante,
Deixa-a por aí.
Deita-a fora como sempre fizeram.
Como eu fiz.
Fá-lo num pequeno gesto para que não doa.
Sempre recusei a vida,
Sempre me senti culpada sem nunca ter cometido qualquer crime.
Entrego-te também sete lágrimas,
Uma rosa espinhosa,
Vinte e um sorrisos,
Dezanove anos de aprendizagem,
Dois dias de amargura,
Trezentos e sessenta e poucos dias de flagelo constante.
Cento e doze poemas e memórias escritas em papel.
Um retrato.
Leva-os!
Deles não preciso depois de ser tua…
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